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Sobre conexões

Tenho pensado sobre as relações, se eu dou atenção o suficiente pra pessoas que realmente estão comigo. E tenho pensado também sobre quem são essas pessoas. Faz pouco tempo li sobre relações saudáveis e me perguntei se sou uma. Comecei a pensar sobre M. 

Há 15 anos, minha amiga, que vamos chamar de M, me liga e me manda um texto enorme e lindo de aniversário, todo setembro. Em alguns setembros ela pede um dia específico na minha agenda pra a gente não deixar passar. Conheço M desde os 6 anos e ela nunca esqueceu nenhum aniversário meu. Em 15 anos, bom, eu já me esqueci algumas vezes do dela. 

Eu sempre saio correndo e tento recuperar o tempo perdido. “A gente pode ir no bar”, “A gente pode ir no bar de praia”, “e se a gente for ver o pôr do sol?” Eu acho engraçado porque ela muitas vezes já sabe que vou me atrasar, mas ela nunca fica triste ou brava de verdade e a gente pelo menos 2 vezes no ano, se encontra nos nossos aniversários. 

Na vida adulta, manter amizades da mesma maneira de quando a gente era mais novo, ficando uma noite inteira acordados juntos ou conversando o dia inteiro: é impossível. Tantas coisas mudam, tantas. M e eu só nos falamos nos momentos mais importantes, quando uma corre pra outra, poucas vezes. Ainda assim, tudo acontece como se ainda fosse do mesmo jeito. Como se ainda fôssemos aquelas crianças brincando de Harry potter. A mesma crise de riso e o mesmo amor, mesmo nossas vivências sendo diferentes e nem sempre uma podendo entender verdadeiramente a história e a dor da outra. 

Não acredito em coincidências e “coincidentemente” o texto de hoje aqui pra Capitona era sobre amizades e como mantê-las. “Coincidentemente” M e eu sempre gostamos de ir à praia juntas ou nos shoppings perto de casa, testar roupas e cores. Eu sinto que meu destino era escrever sobre M hoje. Acho que porque ontem mesmo ela me mandou uma mensagem com milhões de perguntas sobre o meu dia.

No decorrer do tempo em que as palavras rolavam e em que escrevia esse texto até aqui, percebi que eu poderia pensar mil vezes sobre amizades saudáveis e conexões duráveis tentando entender se eu era ou não uma boa amiga, ainda assim, M jamais me permitiria pensar que eu não fosse. E bom, a gente só se fala algumas vezes no ano. Acho que isso me responde muita coisa. 

Não é o dia a dia, mas o apoio e amor quando ele precisa vir. O aconchego juntas na praia, se atualizando rapidamente sobre milhões de coisas ao mesmo tempo. Se aconselhando sobre coisas que já passaram e que acabamos perdendo na vida da outra, mas que ainda assim, sabemos que uma palavra nossa sobre, já acalma todo o caminho.

M ama abraçar e eu sou mais distante em relação à abraços, a gente é muito diferente nisso. Ela não sabe sobre meus dias difíceis mas ainda assim, ela é a primeira a não esquecer o dia em que eu nasci. Deve ser a conexão mais saudável que eu tenho e com quem mais gosto de passar o dia de praia. No difícil dia a dia, há conexões que valem a pena toda a lembrança e todo o esforço. 

Não há motivos e nem dificuldades de manter amizades que simplesmente nos encontram. Eu não sei mais qual a cor favorita de M e seus desejos pra esse ano mas desejo que ela realize todos. Entende? Valorizemos as Ms em nossas vidas, lembremos de comemorar suas datas de aniversário e aproveitar os dias que vamos até a praia ver o pôr do sol. Elas sempre vão fazer os nossos momentos serem milimetricamente: especiais. De alguma forma eu queria entender, mas eu já tinha: a conexão mais saudável e bela de todas. 

E aí, M te lembrou alguém?!

Luana A. (Equipe Capitona)