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Nosso tempo e nossos detalhes

O que fazemos com o nosso tempo quando ele parece feito apenas de pequenas piscadas? E quando os momentos começam a parecer repetitivos?! 

Acordo e de cara vejo meu namorado dormindo, acordo primeiro porque tenho uma maneira mais detalhista de me organizar. Ele acorda 1 hora exata depois, o notebook dele já aberto na mesma página de todos os dias. Eu ainda prefiro desligar, mesmo que tenha que começar da mesma página outra vez. A gente almoça juntos, não consegue conversar tanto quanto gostaria, e então, voltamos cada um pro seu espaço pequeno e específico. 

A ideia de ter uma rotina mudou um pouco com o passar dos anos. Antes era mais óbvio que todas as pessoas saíam de casa para trabalhar, percorriam determinado caminho até seu destino e horas depois voltavam pra que começasse tudo outra vez no dia seguinte. Com nosso mundo cheio de novidades, mesmo sendo antigo de vária formas, surgiu uma nova realidade: nem sempre sair de casa. 

O home office surgiu e muitas empresas aderiram ao método de trabalho como essencial por tempo indeterminado. Muito disso também por causa da pandemia, sobre a qual não há costume. 

Acho essa nova realidade uma forma de trabalhar privilegiada, já que a maioria segue pegando transportes públicos mesmo ao meio do caos. A Rotina não acabou, na verdade até ficou mais cansativa pra essas pessoas. Para quem consegue trabalhar de casa virou uma nova coisa, quem sabe, proximidade com a família, determinação do nosso próprio tempo….Mas ainda assim, rotina. 

O tempo em piscadas, momentos em pura repetição. O que a gente faz pra deixar mais leve? O trabalho tem sua força na nossa sobrevivência e a rotina é o detalhe necessário pra que essa sobrevivência aconteça. Sem tentar entrar em assuntos difíceis demais, mas… Como lidar com o resto?! 

Acelerados pela ansiedade e expectativa, o cérebro precisa de relaxamento para prosseguir. Entendo que agora muitas coisas ficaram mais simples e rápidas, outras apenas rápidas demais. Continuo pensando como lidar com esse tempo e as novas formas de vivê-lo. Ver o rosto de quem amo próximo no dia a dia de trabalho, mesmo que a gente não tenha tempo de se falar muito, faz mais sentido, não?! Tentar aproveitar os detalhes. Tento pensar assim!

No dia de hoje, deveria escrever sobre como lidar com a falta de tempo em um mundo novo e acelerado. Na verdade, percebo que não sabemos exatamente, a gente só vai se guiando pelo o que dá pra fazer hoje, amanhã ou depois. Dia por dia, pra não cultivar a ansiedade. Reflito que faço muito do que amo e que o resto do meu tempo é contado com detalhes sobre os quais só consigo pensar quando não estou ocupada demais.

Rio com meu namorado, assisto os melhores filmes, tento me atualizar e rir mais das novidades da internet, ligo pros meus pais, vejo vídeos do meu gato, que agora mora longe de mim, e tento me rodear das coisas que me animam. 

Escrever para a Capitona é um dos tipos de trabalho que ainda assim, me permitem otimizar o meu tempo com coisas que realmente amo fazer. E parte dessa escrita é encontrar respostas sobre temas que nem sempre tem uma. 

Eu sou assim, levo as coisas pro emocional, afinal, não está tudo ligado a isso?! Á quais detalhes você se conecta e tenta deixar vivos quando precisa que seu tempo seja mais leve? Em casa ou na rua, nosso cérebro precisa (daquele) relaxamento. Quais são os seus detalhes? Os meus e os seus serão diferentes mas ainda assim, precisam existir. É a única coisa que consigo pensar quando me é pedido que fale sobre a falta de tempo. Desejo que a gente se atente a isso, mesmo que seja por meio de memórias. 

Não estou aqui para refletir hoje sobre como a falta de tempo pode ser difícil as vezes, mas pra tentar entender como essas vezes podem ser mais fáceis. O mundo é novo e acelerado, verdade. Mas mesmo quando não era, ainda eram aqueles nossos detalhes que faziam valer mais a pena o tempo livre. Ainda são. Me diz, quais são os seus?

Luana A. (Equipe Capitona)